23 de mai. de 2012

Gabriel Villela dirige seu terceiro Shakespeare, MACBETH



Texto de William Shakespeare (de quem o diretor já


montou Romeu e Julieta e Ricardo III), tradução de Marcos Daud,


a peça estreia dia 1º de junho no Teatro Vivo, em São Paulo


 

 

 


Para contar a tragédia da ambição de um homem que, devorado por sua natureza e instigado por sua impiedosa mulher, cede ao impulso assassino para cumprir o seu destino, Gabriel Villela monta Macbeth só com atores homens, como era feito na época de seu autor, Shakespeare. No elenco, Marcello Antony, Claudio Fontana, Helio Cicero, Marco Antônio Pâmio, Carlos Morelli, José Rosa, Marco Furlan, Rogerio Brito.

A tradução de Marcos Daud, adaptada pelo diretor, será montada pela primeira vez. Daud encaminhou sua versão para Villela, que fez, então, cortes e adaptou o texto de 20 personagens para uma realidade de 8 atores em cena. “Introduzi o narrador, personagem inspirado na renascença inglesa, para que ele possa, periodicamente, reconstruir a história perante a plateia, convocar os personagens, decompor a fábula na sua essência e desenvolver a história. Ele narra o universo trágico de Macbeth”, fala o diretor.

Experiência da voz, da palavra e trilha sonora
Na opinião do diretor, Macbeth é um espetáculo formal, sóbrio, contido, voltado para a experiência da voz e da palavra. Para atingir essa qualidade, Gabriel Villela contou com a antropologia da voz da italiana Francesca Della Monica (pesquisadora de voz da Universidade de Firenze, que também trabalha em Pontedera, Itália), a direção de texto de Babaya e a musicalidade de cena de Ernani Maletta.

Os três juntos desenvolveram um trabalho técnico fundamental, cuidadoso, fazendo a preparação vocal e a interpretação de texto, passando pela redescoberta e finalidade da voz. Esse método está impresso na cena. “Na formação do elenco, trabalhamos uma extensão vocal bem grande para que não ficássemos com uma impostação monótona dos timbres masculinos. É um espetáculo feito para uma audiência camerística, de 290 lugares e um palco relativamente pequeno, preenchido pelo principal elemento: a voz épica dos atores”, detalha Gabriel.

A trilha sonora do espetáculo, de acordo com Gabriel Villela, é composta, em sua maior parte, por silêncios. “Eu não queria música desta vez, por isso cuidei da trilha sonora, feita mais por sons como o rufar de asas, o bater de sinos, sons finos sugeridos por Shakespeare.” A única música é um ária da ópera Dido e Enéas, de Purcell, cantada à cappella  por Francesca Della Monica, no instante da morte de Lady Macbeth. Gabriel destaca, ainda, o caráter épico e a eloquência shakesperiana, com direito a tons lúdicos em algumas cenas.

Figurino e cenário
A pré-produção do ateliê de criação começou dois meses antes do início dos ensaios. É marca registrada do diretor Gabriel Villela cuidar dessa área com antecedência. O figurino, assinado em parceira por Gabriel Villela e Shicó do Mamulengo (que veio do Rio Grande do Norte especialmente para o trabalho), foi confeccionado com 30 malas antigas de couro e papelão, compradas em brechós e antiquários.

Desmontadas, foram recortadas e transformadas em indumentárias de guerra, como coletes, armaduras e escudos. “Ao mesmo tempo em que criamos um figurino que remete à guerra, buscamos fazer uma brincadeira lúdica e artesanal em cima do conceito popular de transformar um objeto em outro, transformar uma mala em uma armadura de guerra”, explica Gabriel.

Para remeter à nobreza dos personagens foi utilizada uma mistura de pedras e metais. A complementação foi feita com saias de tapeçarias antigas trazidas por Gabriel de diversas partes do mundo. Gabriel optou por uma cartela de cores mais sombria: “Não se trata de uma tragédia em preto em branco, tem cores, mas é mais sinistra, mais soturna.”

O cenário, assinado por Márcio Vinícius, traz dois teares da cultura de tecelagem de manufatura de Minas Gerais (resultado da desconstrução de cinco teares), um sobre o outro, compondo um tótem cênico com cinco pilares, que preenche a cena.
Esses teares fazem parte da mitologia das três parcas gregas que fiam, tecem e cortam, simbolizando os três instantes do homem: nascimento, vida e morte. É um objeto único, vertical, forte, totênico e que assume a imagem do grande “mecanismo do mundo” (Jan Kot), diz o diretor.

A luz é de Wagner Freire e a direção de movimento é de Ricardo Rizzo. Os adereços são de Shicó do Mamulengo.

Sinopse

Macbeth conta a história de um homem incapaz de lidar com sua natureza ambiciosa e que, instigado por sua cruel esposa, passa de herói a tirano. Após salvar a Escócia e começar a galgar os degraus do grande mecanismo do poder, Macbeth, que agora se vê mais próximo do trono, interfere na ordem natural dos acontecimentos e cede a seu impulso homicida, assassinando o rei escocês para tomar sua coroa.

Como se outro crime pudesse limpar a mancha pelo assassinato cometido e dar paz à sua consciência, ele inicia uma sequência de crimes sem volta, reconhecendo, assim, a incapacidade que o homem tem de lidar com sua natureza e de fugir de seu destino.

Elenco
Macbeth                                                                                 Marcello Antony
Lady Macbeth                                                                         Claudio Fontana
Duncan / Macduff                                                                   Helio Cicero
Banquo / Dama de Companhia                                             Marco Antônio Pâmio
Narrador                                                                                Carlos Morelli
Bruxa 1 / Nobre                                                                      José Rosa
Bruxa 2/ Malcolm / Ross                                                        Marco Furlan
Bruxa 3/ Donalbain / Angus / Velho / Mensageiro/ Porteiro  Rogério Brito



Ficha técnica

Texto - William Shakespeare. Tradução - Marcos Daud. Colaboração – Fernando Nuno. Direção e adaptação - Gabriel Villela. Assistência de Direção - César Augusto, Ivan Andrade e Rodrigo Audi. Figurinos – Gabriel Villela e Shicó do Mamulengo. Cenografia - Marcio Vinicius. Iluminação– Wagner Freire. Antropologia da voz- Francesca Della Monica. Direção de texto – Babaya. Musicalidade da cena - Ernani Maletta. Trilha Sonora – Gabriel Villela. Direção de Movimento - Ricardo Rizzo. Adereços- Shicó do Mamulengo e Veluma Pereira. Apliques e patchwork - Giovanna Vilela. Costureira- Cleide Mezzacapa Hissa. Maquiagem para ensaio fotográfico - Eliseu Cabral. Assistência de Maquiagem para ensaio fotográfico- Patricia Barbosa. Coordenação do Ateliê- José Rosa e Veluma Pereira . Assistência de Cenografia - Julia Munhoz. Cenotécnicos- Jean Carlos e Evandro Nascimento. Diretor de Palco- Alex Peixoto. Operador de luz- Marcelo Violla. Camareira – Marlene Collé. Assessoria de Imprensa- Arteplural - Fernanda Teixeira. Fotografia- João Caldas. Assistência de fotografia – Andréia Machado. Fotografias de ensaio / making of – Dib Carneiro Neto e João Caldas. Programação Visual- Dib Carneiro Neto, Jussara Guedes e Suely Andreazzi. Assistente de Produção Julia Portella e Lucimara Santiago. Produção Executiva - Clissia Morais e Francisco Marques. Direção de Produção - Claudio Fontana


Serviço

MACBETHEstreia de 1º de junho, sexta, 21h30

Teatro VIVO - Avenida Doutor Chucri Zaidan, 860, Itaim / Vila Olímpia.

Temporada - de sexta a domingo de 1º de junho a 22 de julho. Sex 21h30; Sáb 21h; Dom 19h. R$ 50 (sex e dom), R$ 70 (sab). 12 anos. Duração de 90 minutos.

Serviço de valet – R$ 18,00.

Capacidade: 290 lugares.

Estacionamento com manobrista: R$15,00 (só dinheiro)

Bilheteria: aberta de terça a quinta  das 14h às 20h e  de sexta a domingo, das 14h até o início do espetáculo. Tel: 7420-1520. Aceita todos os cartões.

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