Texto
de William
Shakespeare (de quem o diretor já
montou
Romeu e Julieta e Ricardo III), tradução de Marcos Daud,
a
peça estreia dia
1º de junho no Teatro Vivo, em São Paulo
Para contar a
tragédia da ambição de um homem que, devorado por sua natureza e instigado por
sua impiedosa mulher, cede ao impulso assassino para cumprir o seu destino, Gabriel
Villela monta Macbeth só com atores homens, como era feito na
época de seu autor, Shakespeare. No elenco, Marcello Antony, Claudio
Fontana, Helio Cicero, Marco Antônio Pâmio, Carlos Morelli, José Rosa, Marco
Furlan, Rogerio Brito.
A tradução de
Marcos Daud, adaptada pelo diretor, será montada pela primeira vez. Daud
encaminhou sua versão para Villela, que fez, então, cortes
e adaptou o texto de 20 personagens para uma realidade de 8 atores em cena.
“Introduzi o narrador, personagem inspirado na renascença inglesa, para que ele
possa, periodicamente, reconstruir a história perante a plateia, convocar os
personagens, decompor a fábula na sua essência e desenvolver a história. Ele
narra o universo trágico de Macbeth”, fala o diretor.
Experiência
da voz, da palavra e trilha sonora
Na opinião do
diretor, Macbeth é um espetáculo formal, sóbrio, contido, voltado
para a experiência da voz e da palavra. Para atingir essa qualidade, Gabriel
Villela contou com a antropologia da voz da italiana Francesca Della Monica (pesquisadora
de voz da Universidade de Firenze, que também trabalha em Pontedera, Itália), a
direção de texto de Babaya e a musicalidade de cena de Ernani
Maletta.
Os três
juntos desenvolveram um trabalho técnico fundamental, cuidadoso, fazendo a
preparação vocal e a interpretação de texto, passando pela redescoberta e
finalidade da voz. Esse método está impresso na cena. “Na formação do elenco,
trabalhamos uma extensão vocal bem grande para que não ficássemos com uma
impostação monótona dos timbres masculinos. É um espetáculo feito para uma
audiência camerística, de 290 lugares e um palco relativamente pequeno,
preenchido pelo principal elemento: a voz épica dos atores”, detalha Gabriel.
A trilha
sonora do espetáculo, de acordo com Gabriel Villela, é composta, em sua maior
parte, por silêncios. “Eu não queria música desta vez, por isso cuidei da
trilha sonora, feita mais por sons como o rufar de asas, o bater de sinos, sons
finos sugeridos por Shakespeare.” A única música é um ária da ópera Dido e
Enéas, de Purcell, cantada
à cappella por Francesca Della Monica, no instante da morte de
Lady Macbeth. Gabriel destaca, ainda, o caráter épico e a eloquência
shakesperiana, com direito a tons lúdicos em algumas cenas.
Figurino e
cenário
A
pré-produção do ateliê de criação começou dois meses antes do início dos
ensaios. É marca registrada do diretor Gabriel Villela cuidar dessa área com
antecedência. O figurino, assinado em parceira por Gabriel Villela e Shicó do
Mamulengo (que veio do Rio Grande do Norte especialmente para o trabalho), foi
confeccionado com 30 malas antigas de couro e papelão, compradas em
brechós e antiquários.
Desmontadas,
foram recortadas e transformadas em indumentárias de guerra, como coletes,
armaduras e escudos. “Ao mesmo tempo em que criamos um figurino que remete à
guerra, buscamos fazer uma brincadeira lúdica e artesanal em cima do conceito
popular de transformar um objeto em outro, transformar uma mala em uma armadura
de guerra”, explica Gabriel.
Para remeter
à nobreza dos personagens foi utilizada uma mistura de pedras e metais. A
complementação foi feita com saias de tapeçarias antigas trazidas por Gabriel
de diversas partes do mundo. Gabriel optou por uma cartela de cores mais sombria:
“Não se trata de uma tragédia em preto em branco, tem cores, mas é mais
sinistra, mais soturna.”
O cenário,
assinado por Márcio Vinícius, traz dois teares da cultura de tecelagem
de manufatura de Minas Gerais (resultado da desconstrução de cinco teares), um
sobre o outro, compondo um tótem cênico com cinco pilares, que preenche a cena.
Esses teares
fazem parte da mitologia das três parcas gregas que fiam, tecem e cortam,
simbolizando os três instantes do homem: nascimento, vida e morte. É um objeto
único, vertical, forte, totênico e que assume a imagem do grande “mecanismo do
mundo” (Jan Kot), diz o diretor.
A luz é de Wagner
Freire e a direção de movimento é de Ricardo Rizzo. Os adereços são
de Shicó do Mamulengo.
Sinopse
Macbeth conta a história de um homem incapaz
de lidar com sua natureza ambiciosa e que, instigado por sua cruel esposa,
passa de herói a tirano. Após salvar a Escócia e começar a galgar os degraus do
grande mecanismo do poder, Macbeth, que agora se vê mais próximo do trono,
interfere na ordem natural dos acontecimentos e cede a seu impulso homicida,
assassinando o rei escocês para tomar sua coroa.
Como se outro
crime pudesse limpar a mancha pelo assassinato cometido e dar paz à sua
consciência, ele inicia uma sequência de crimes sem volta, reconhecendo, assim,
a incapacidade que o homem tem de lidar com sua natureza e de fugir de seu
destino.
Elenco
Macbeth
Marcello Antony
Lady
Macbeth
Claudio
Fontana
Duncan
/
Macduff
Helio Cicero
Banquo
/ Dama de
Companhia
Marco Antônio Pâmio
Narrador
Carlos
Morelli
Bruxa
2/ Malcolm /
Ross
Marco Furlan
Bruxa
3/ Donalbain / Angus / Velho / Mensageiro/ Porteiro Rogério Brito
Ficha
técnica
Texto - William Shakespeare. Tradução - Marcos Daud. Colaboração – Fernando Nuno. Direção
e adaptação - Gabriel Villela. Assistência de Direção - César
Augusto, Ivan Andrade e Rodrigo Audi. Figurinos – Gabriel Villela e
Shicó do Mamulengo. Cenografia - Marcio Vinicius. Iluminação–
Wagner Freire. Antropologia da voz- Francesca Della Monica. Direção
de texto – Babaya. Musicalidade da cena - Ernani Maletta. Trilha
Sonora – Gabriel Villela. Direção de Movimento - Ricardo Rizzo. Adereços-
Shicó do Mamulengo e Veluma Pereira. Apliques e patchwork - Giovanna
Vilela. Costureira- Cleide Mezzacapa Hissa. Maquiagem para ensaio
fotográfico - Eliseu Cabral. Assistência de Maquiagem para ensaio
fotográfico- Patricia Barbosa. Coordenação do Ateliê- José Rosa e
Veluma Pereira . Assistência de Cenografia - Julia Munhoz. Cenotécnicos-
Jean Carlos e Evandro Nascimento. Diretor de Palco- Alex Peixoto. Operador
de luz- Marcelo Violla. Camareira – Marlene Collé. Assessoria de
Imprensa- Arteplural - Fernanda Teixeira. Fotografia- João Caldas. Assistência
de fotografia – Andréia Machado. Fotografias de ensaio / making of – Dib
Carneiro Neto e João Caldas. Programação Visual- Dib Carneiro Neto,
Jussara Guedes e Suely Andreazzi. Assistente de Produção Julia Portella
e Lucimara Santiago. Produção Executiva - Clissia Morais e Francisco
Marques. Direção de Produção - Claudio Fontana
Serviço
MACBETH – Estreia de 1º
de junho, sexta, 21h30
Temporada - de sexta a domingo de 1º de
junho a 22 de julho. Sex 21h30; Sáb 21h; Dom 19h. R$ 50 (sex e dom), R$
70 (sab). 12 anos. Duração de 90 minutos.
Serviço de valet – R$
18,00.
Capacidade: 290 lugares.
Estacionamento com manobrista: R$15,00
(só dinheiro)
Bilheteria: aberta de terça a quinta das 14h às 20h
e de sexta a domingo, das 14h até o início do espetáculo. Tel: 7420-1520.
Aceita todos os cartões.
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