O artista reflete sobre
o atual cenário político utilizando metáfora bíblica
A Galeria
Emmathomas receberá a partir de 14 de fevereiro a exposição "ALEX
FLEMMING", com sua mais nova série de trabalhos criada conceitualmente em
Berlim em 2018. As 28 peças apresentadas foram trabalhadas pelo artista em
programa de residência na Fundação Marcos Amaro em Itú. O artista, que chama
sua nova série de 'Ecce Homo', utilizou pias de banheiro das décadas de 70 e 80
nas quais esculpiu, com ponta de diamante, desenhos de mãos.
As pias são
mostradas de maneira não convencional: são postas em pé como um objeto que
remete à forma dos altares domésticos do barroco brasileiro. Ao todo são 28
pias de formatos e cores diferentes, que farão uma metáfora sobre como as
pessoas se comportam no atual cenário político, lavando as mãos para as grandes
responsabilidades que o país enfrenta.
Alex Flemming
utilizou a passagem bíblica sobre a crucificação de Jesus Cristo como base de
sua crítica. Ecce Homo são as palavras que Pôncio Pilatos teria dito ao
apresentar Jesus perante a multidão e ordenar que eles escolhessem o destino do
filho de Deus. Após o povo optar pela crucificação de Jesus Cristo, Pôncio
Pilatos lavou as mãos diante de todos, e disse: “estou inocente do sangue deste justo. Considerai isso”.
Disso nasceu o ditado ‘lavo as minhas mãos’.
Apropriando-se
de um objeto utilizado literalmente por todos os brasileiros, Alex Flemming nos
traz a questão da responsabilidade que atinge a todos nós, independente de gênero,
classe social ou religião. Flemming se utiliza da História da Arte ao lembrar
Marcel Duchamp com seu ready-made,
mas dá um passo em outra direção ao se apropriar da pia e modificá-la com um
desenho esculpido.
De acordo com
sua trajetória, quando sempre se revelou um apaixonado colorista, o artista se
utiliza de pias fabricadas no Brasil nas décadas de 70 e 80 quando foram
produzidas cores chamadas de rosa-bebê, azul-calcinha, verde-esmeralda ou
roxo-beterraba. Flemming mostra o Brasil tanto diretamente através de seu
passado recente, como conceitualmente ao nos provocar com a metáfora desse dito
popular (Lavar as mãos),
promovendo uma discussão sociológica através desses objetos.
O Artista Alex
Flemming afirma: “...a minha obra sempre teve um carácter político. Já
denunciei a tortura durante a ditadura militar nos anos 70, a morte da natureza
e os conflitos ecológicos nos anos 90, quando também discursei sobre os
conflitos ao redor do mundo com a série Body-Buiders. Em 2002 criei a série
Flying Carpets sobre os atentados de 11 de setembro e em 2016 a série Anaconda,
uma reflexão plástica sobre os horrores da ditadura do Estado Islâmico se
escondendo sobre a linda tradição cultural do Oriente. A série Ecce Homo propõe
uma reflexão plástica do fato de lavarmos nossas mãos em questões nacionais
importantes, deixando-as para serem decididas por políticos e outros poderosos,
invertendo assim a relação bíblica”. O artista também faz questão de deixar
claro que, em seu entender, toda obra de arte deve ser bela, sedutora,
intrigante, arrebatadora.
A
mostra, com curadoria de Ricardo Resende e catálogo com cerca de 50 páginas,
acontecerá na Galeria Emma Thomas no dia 14 de fevereiro e ficará em cartaz até
22 de março de 2019.
SERVIÇO
EXPOSIÇÃO: ALEX FLEMMING – Série Ecce Homo
Curadoria: Ricardo
Resende
Local: Galeria Emmathomas
Endereço: Alameda
Franca, 1054 – Jardim Paulista (São Paulo)
Temporada:14 de fevereiro até 21 de março
Funcionamento: Seg-Sex 11h-19h
Sáb 11h-15h
Entrada
gratuita
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